maio 30, 2005

São duas coisas.

A propósito de uma discussão aqui e ali sobre o papel do futebol no Portugalinho, o seguinte: subordinar a agenda dos telejornais ao futebol parece-me uma excentricidade de subdesenvolvidos (já aqui escrevi o suficiente, até quando o meu clube ganhava, ganhava, ganhava); preencher a abertura dos telejornais com a final da Taça ao mesmo tempo que andamos à procura de notícias sobre o «não» em França, é consequência desse subdesenvolvimento; fazer horas e horas de directo na televisão com manifestações de rua em que toda a gente diz a mesma coisa, somos os maiores, somos campeões, só queremos Lisboa a arder, ninguém pára o SLB, etc., etc., nem sequer posso atribuir ao subdesenvolvimento mas à estupidez; delirar quando um cabecilha de um clube diz uma palavrinha, dependurado sobre o microfone, devia ser classificado como crime. Mas garanto uma coisa: desprezar o futebol e fazer campanha contra, com aquele ar muito superior de quem apenas se ocupa com as superiores questões da botânica ou da teologia, devia ser considerado sintoma de analfabetismo, de cretinice intelectual e de problema sexual ainda mais grave do que a disfunção eréctil. E é uma coisa muito vista, muito. Já não pega.