julho 06, 2005

México, regresso.

Em 1994 passei uma larga temporada no México e assisti, digamos, ao desmoronar do velho PRI; o seu último rosto era Carlos Salinas, que cumpria a via-sacra de revelações sem fim sobre as ligações entre política e droga, com homícídios pelo meio (incluindo o do candidato presidencial do próprio PRI), e as sequelas da «revolução zapatista». Ernesto Zedillo, o novo presidente, era um homem sensato com uma tarefa impossível: acabar com setenta anos de corrupção, arbitrariedades, violência, burlas eleitorais, perseguições. Assisti, com jornalistas do La Reforma, a assaltos a vendedores do jornal, praticados por funcionários do PRI. E vi televisão, um enorme monstro de propaganda do partido. Havia um claro sentido do irrespirável. Carlos Monsiváis, à esquerda, Jorge Fuentes e o grupo San Angel Inn, no sector liberal, e muitos assessores de Zedillo, comungavam dessa ideia simples: as coisas tinham acabado e o «zapatismo» de Chiapas era apenas um sinal. Depois, viria Cárdenas (que não veio; pelo contrário, foi a direita do PAN, e depois Vicente Fox). O PRI ganhou de novo as eleições em Mexico DF, com 47%.