fevereiro 28, 2005

Hollywood

Bono indicado para a presidência do Banco Mundial, substituindo James Wolfensohn. Naturalmente, vem no Los Angeles Times.
Adenda: não é uma notícia do Los Angeles Times: é uma proposta do próprio jornal.

Rilke.

Em Caminhos de Floresta, Heidegger gasta páginas e páginas com uns poemas de Rilke. Lêem-se com muita dificuldade a menos que se tivessem lido também todas as páginas anteriores (cerca de trezentas). Nessa altura estaríamos suficientemente familiarizados com o texto de Heidegger -- e Rilke não teria importância nenhuma. Mesmo assim, para Heidegger, não tem importância nenhuma.

Uma linha.

Um blog é isto. Muitas vezes, um instrumento narcísico. Depois, vamos simplificando tudo, simplificando até ficar uma linha apenas. Estou na contagem decrescente.

fevereiro 27, 2005

O Assunto Proibido (Brasil)


Sim, há um assunto proibido sempre que falo nele no Brasil. Olavo de Carvalho. O reaccionário, anti-comunista, anti-nazi, aquela escrita cheia de agressividade, as obsessões de Olavo de Carvalho, o cristianismo de direita, etc, etc. Sim, é um assunto proibido. Alguém fala de Olavo e alguém diz «é assunto chato». Não é. Eu leio as colunas de Olavo de Carvalho (no Globo, no Zero Hora). Alexandre Soares Silva fala sobre o assunto proibido.

Suspeita torpe.

No Expresso desta semana pode ler-se (nem cito a coluna, nem cito...) que Santana Lopes percebeu que tinha de sair de cena, com esta adenda: ou alguém lho fez ver. Isto traz água no bico. É a frase mais importante do semanário. Um sinal de que o Expresso também sabe. Aí está um mistério para o Paulo Gorjão. Do género: alguém o convenceu.

Revista de Blogs. Spm/Tpm

«Quando chega o dia propriamente dito, rebolamo-nos que nem croquetes fotofóbicos, afogamo-nos em trifenes num quarto escuro e entregamo-nos às cãibras, essas guinadas simpáticas que mais parecem pontapés certeiros de Deus Nosso Senhor, apostado em relembrar-nos a cada vinte e oito dias que a mancha do pecado original a nós se deve.» No Controversa Maresia.

Fontes seguras.

Vital Moreira cita a primeira página do Expresso de ontem a propósito da notícia que dá António Costa e Vitorino como certos no governo, construída com base em fontes anónimas ou, pelo menos, «sem revelar as suas fontes de informação». Sugiro, mesmo assim, que se leiam as primeiras seis ou sete páginas do Expresso e se enumerem as «fontes anónimas» citadas em notícias do jornal. Ao mesmo tempo, sugiro também uma visita ao «Livro de Estilo» do Público (disponível na página do jornal, online) sobre o uso que se deve ou pode fazer de fontes anónimas. E se compare, evidentemente.

Revista de blogs. David Lodge em Florianópolis.

«Nenhum leitor mentalmente sadio compraria autores como Greimas, Kristeva, Lacan ou Saussure. Forçado pelos professores, principalmente na pós-graduação, o coitado do aluno tem de gastar parte de sua bolsa adquirindo essas enfermidades gálicas. Aqui, de cambulhada, ganham também todos os participantes do ciclo do livro: gráficos, distribuidores, livreiros, etc. [Depois] não esqueçamos os interesses do turismo. Em Florianópolis, para facilitar o "intercâmbio" acadêmico, uma agência se instalou no prédio da própria reitoria. Cada congresso de Literatura Comparada ou Semiótica em Tóquio, Helsinki ou Amsterdã é uma festa para a indústria do turismo. Ganham as agências, as companhias aéreas, a indústria hoteleira, a restauração local, afinal literatura e gastronomia sempre constituíram boa parceria.» No Janer Cristaldo.

AzorAir.

O Nuno Barata critica o Instituto Nacional de Aviação Civil por não ter autorizado a Air Luxor a voar para os Açores. Parece-me, de facto, haver gato escondido com rabo de fora -- e um atropelo às leis comunitárias sobre concorrência, também suponho (a propósito, a SATA teve lucros da ordem dos 3 milhões). Portanto, de acordo com o Nuno.
Mas eu tenho uma pergunta muito mais prática: há alguma razão (objectiva ou metafísica, tanto faz) para que os voos de Lisboa para Angra, da TAP ou da SATA, partam invariavelmente com atraso?

Liberdade.



A rua é a Galvão Bueno, na Liberdade, em São Paulo. De quase todas as vezes que passei lá, ao domingo, encontrei este cavalheiro segurando no estandarte com propaganda religiosa em várias línguas («Visite a Igreja Batista»), do chinês ao italiano, do hebraico ao japonês e ao russo. Nunca fotografei, mas encontrei a imagem no blog do Rogério. Quem passou no Bairro da Liberdade lembra-se dele. Um ar de perfeito absurdo no meio de bancas de yakissoba e telefones de contrabando.

Bush, 3. (Final)

Posted by Hello


A foto prometida. Um dirigente bloquista bebendo uma Bush.

Mudar as estatísticas.

No Brasil, o governo Lula, depois de ter sido surpreendido pelo estudo do IBGE (o instituto local de estatísticas económico-sociais), que arrumou de vez com o programa Fome Zero, determinou que os números & estatísticas sejam servidos ao palácio do Planalto, que só depois os liberará, ou não, para conhecimento público.
Em Portugal isso não acontece, mas é preciso fazer alguma coisa acerca dos números. Por exemplo: «o défice». Quando há uma discussão sobre «o défice», ninguém se entende. O diálogo é quase sempre este: «Ah, mas esse não é o défice real...» «Bom, mas esse número ainda não é definitivo porque...» Ou: «Esse número está viciado.» Isso acontece com todo & qualquer número: emprego, desemprego, colocação de professores, exportações, número de galinhas abatidas, sardinhas consumidas no São João, golos invalidados ao Salgueiros, tudo. Há sempre alguém que duvida dos números; com ou sem razão. Mas, geralmente, com o argumento de quem forneceu esses números os viciou antes. Era bom que houvesse números com a antiga grandeza da velha aritmética: um número é um número.

Reposição.

A TSF passou uma bela reportagem sobre África -- realizada por um excelente repórter, aliás, José Carlos Barreto. E uma magnífica entrevistada: uma mulher, Estefânia Anacoreta, que nos anos sessenta partiu para Angola com mensagens (de noivas, mães, pais, namoradas, familiares) registadas num pequeno gravador e destinadas aos soldados em combate «no mato». Uma pequena nota, no entanto, que pessoalmente tenho de fazer: quando a Grande Reportagem passou a revista semanal (com o JN e o DN), em Dezembro de 2003, esta história foi capa -- foi escrita por João Pombeiro e é um texto antológico. As coisas que se escrevem às vezes passam depressa.

Surpresas.

Estava escrito que não seria um moderado a conseguir um acordo de paz em Israel. Não é uma constatação totalmente feliz. Sharon foi o homem que começou a desmantelar os colonatos do Sinai para que fosse possível o acordo com o Egipto. Ele começará a retirar de Gaza. Resta saber quem começará a retirada da Cisjordânia, apesar das bombas dos covardes.

fevereiro 26, 2005

Depois da efeméride.



«Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!»

Cesário Verde

Revista de blogs. Dinheiro mal gasto.

«I spent a lot of money on alcohol, women and fast cars. The rest I just wasted. George Best» No Hauptwege und Nebenwege.

Revista de blogs. Orientalismo.

«Há tempos eu quero discutir a questão do rego baixo das japonesas, ou como ficar de cócoras sem que o famigerado cofrinho apareça, mas vou esperar pra fazer um documentário mais completo, com fotos e dados estatísticos.» No De Cabeça para Baixo.

Visitação

Jornalistas visitam Aviz à procura de uma explicação para a existência da aldeia gaulesa, o único concelho que escapa à onda rosa & laranja. Parece que alguns ficaram nostálgicos. Podem mudar-se.

fevereiro 24, 2005

Provavelmente, há coisas piores.

O biógrafo de Assis Chateaubriand (Chatô, o Rei do Brasil, Companhia das Letras -- um monumento sobre a história do Brasil) e de Olga Benário, o jornalista Fernando Morais está a preparar uma biografia do escritor Paulo Coelho. Muitos ainda vão surpreender-se com o rocker e com o autor de canções de Elis Regina.

Um pequeno nome mais.

Marques Mendes era Marques Mendes. Ficava-lhe bem. Agora é Luís Marques Mendes. Ficou maior, o nome.

Mozambique Blues


O nome de Ricardo Rangel está ligado ao de Moçambique: é um dos seus melhores fotógrafos. O José Flávio informa sobre o lançamento do livro Pão Nosso de Cada Noite, onde se reúne uma parte (muito pequena, certamente) do trabalho de Rangel. A esta foto, o Zé Flávio chamou-lhe Major Araújo Blues. Rangel tem oitenta anos.

Revista de Blogs. A Desfaçatez.

«Ele há coisas que, mesmo quando mudam, não mudam. Esse plumitivo assanhado que é o senhor dr. Luís Delgado disse que era preciso dizer que o senhor dr. Durão Barroso, quando primeiro-ministro, governou mal e mentiu. É isto a puta da desfaçatez. Não estar calado.» Nicky Fiorentino, no Albergue dos Danados.

fevereiro 23, 2005

Samba de roda.

Quando o FC Porto se porta assim, ouço o disco de Mart'nália. Sempre dá para cantarolar aquela parte em que ela diz: «você é a intrépida trupe», etc., etc.

Notas do Brasil, 1

A eleição daquele sujeitinho, Severino Cavalcantti, para a presidência da Câmara dos Deputados, foi a última grande partida que o PT pregou a si mesmo. A grande bandeira da campanha de Cavalcantti foi o aumento do salário dos deputados (de 12.840 para R$ 21.500, num país com R$ 275 de salário mínimo). Mas por detrás dessa enormidade, o PT vai ainda ter de dar palmadinhas nas costas a um pernambucano («Eu sou como Lula, sou pernambucano como Lula.») reaccionário, ignorante e com um cadastro cheio de delitos. Com a morte do prefeito Celso Daniel por explicar, com o fantasma de Waldomiro Diniz perseguindo José Dirceu e o partido, com a derrota nas eleições municipais e com o novo avião presidencial a ter de fazer escala em Natal numa viagem para a Europa, está a ser um ano nada negligenciável. Evidentemente que isto é a caricatura; a verdade é muito mais cómica.

Adenda: Ver os textos de Villas-Boas Correia, no No Mínimo.

Bush, 2.



Sim, está certo. Mal consiga pôr a foto online, eu mostro o bloquista a beber uma bela Bush ambrée (ele gostou, note-se). Ah, mafarrico, está por dias a tua honra. Uma Bush!

Vidas de santos.

Seja como for, embora não seja assunto meu, não posso deixar de recomendar a leitura do livro organizado por Fernando António Almeida, Vidas Maravilhosas dos Santos (editorial Teorema): trata-se de recuperar uma hagiografia do século XII sobre alguns santos da igreja católica. As narrações são muito boas e o prefácio de FAA é divertido. Causa-me impressão a quantidade de santos que lutam por todos os meios contra o mafarrico, alguns deles causando males fatais (inclusive separando homens e mulheres) mas, felizmente, alguns são diabretes simpáticos.

Adenda: O Rafael Luiz Reinehr (um gaúcho de Santa Maria, Rio Grande do Sul, e que mantém o Simplicíssimo) diz, nos comentários, que estas bobagens cristãs não o comovem. É por isso mesmo, Rafa, é por isso mesmo.

A vida como ela é.

Luís Paixão Martins, o responsável pelo marketing do PS, foi ouvido pela TSF sobre a campanha eleitoral socialista. Foi uma das entrevistas mais importantes depois da vitória eleitoral de domingo passado porque dá razão aos pessimistas que diziam que o país estava cansado e queria regressar à normalidade. Ou seja, que as pessoas normais queriam uma vida normal. Uma vida normal é uma coisa simples – professores colocados a horas, ordem nas ruas, telenovela antes e depois do telejornal, futebol ao fim-de-semana, juros baixos, telemóveis baratos e férias no Algarve. Não são precisas nem muita sensibilidade política nem muita perspicácia de sociólogo para compreender esse desejo de mediocridade.
Há um lado da democracia que se deixa fascinar por esse desejo de mediocridade simpática – é necessário compreendê-lo. Com isso se ganham eleições e se seguram governos. António Guterres teve essa sensibilidade medíocre no início do seu segundo mandato, quando mencionou telemóveis e férias no Algarve. Eram metáforas aceitáveis. Medíocres mas aceitáveis. As pessoas aceitam endividar-se razoavelmente desde que o perigo não seja escandaloso; preferem a mediocridade ao combate pela excelência; os eleitores não gostam de ser incomodados. Compreende-se.
Luís Paixão Martins diz também que a alusão de Santana Lopes a uma suposta orientação sexual de Sócrates funcionou contra o candidato do PSD. Também se compreende – não apenas porque a alusão foi vergonhosa e indecente, mas porque “as pessoas normais” se estão nas tintas para o domínio privado dos outros desde que não pretendam impor-lhes padrões ou desde que esses modelos não prejudiquem o desempenho de funções públicas. Santana, que representa a figura do cafajeste infantil, foi perdoado nas suas extravagâncias privadas; eram um assunto pessoal. Mas quando se viu que esse comportamento também traduzia a sua incapacidade de se portar com decência como figura do Estado, então a reacção mudou.
O momento mais glorioso chega quando o estudo de marketing “descobre” que os portugueses são pouco sensíveis às “grandes reformas” que possam colocar em risco um valor como a estabilidade. As pessoas normais gostam de uma vida normal, de um emprego, de um carro em prestações baixas e de sardinhas pelo São João.
Um político, em campanha, que decida não prometer nada além da vidinha – tem a eleição garantida. Defendi essa ideia várias vezes nesta coluna. Fui criticado por isso. Chegou a altura de defender as minhas posições e de reabastecer o meu ego. Obrigado, Luís Paixão Martins. De certo modo, obrigado José Sócrates. Eu explico: as pessoas gostam de uma vida decente e de poucos incómodos. As reformas são um incómodo. Durante a campanha, foi proibido contar a verdade.
Muitas vezes, os nossos políticos e melhores intelectuais falam de um país que não existe senão a imaginação ou na longínqua Suécia. Já agora, têm sido os contribuintes suecos ou alemães, por exemplo, a pagar essa estabilidade lusitana. Aí está um problema com que o engenheiro Sócrates terá de lidar. Ou isso ou telemóveis e férias no Algarve.

[É a coluna desta quinta-feira no JN]

Sim, isto é uma boa notícia.

Quando ando em Lisboa a pé vejo que a cidade se transformou numa espécie de expositor permanente, uma plataforma publicitária onde todos os espaços foram ocupados por ecrãs, painéis, outdoors, cartazes, o que quiserem. Em muitos casos trata-se apenas de poluição visual. A Câmara achou que devia retirar alguns deles -- sim, isto é uma boa notícia. Mas devia existir um limite legal que impedisse a cidade de ser um outdoor.

fevereiro 22, 2005

Bush.

Sim, é verdade. Eu tenho essa fotografia do bloquista com uma Bush entre as mãos. Não entre os dedos, não. Entre as mãos, sorrindo.

Guillermo.

Muitos livros depois, muitos filmes depois. Muitas tardes de Havana depois. Muitas caixas de charutos depois. Morreu Guillermo Cabrera Infante. Também chove em Havana, onde ele gostaria de ver a chuva.

Chuva em Aviz.

Na realidade, se forem ver ao mapa eleitoral que resultou das eleições de domingo, só Aviz escapa à onda maioritária, rosa & laranja. É um verdadeiro marco geodésico.

Revelação.

Se ainda não leram O Livro dos Homens Sem Luz (edição Temas e Debates), de João Tordo, estão a tempo. São quatro novelas num livro novo.

Habituem-se.

António Vitorino reagiu daquela maneira na noite das eleições, afirmando que com Sócrates o governo não se faz na comunicação social nem para a comunicação social. Aquele “habituem-se” já fez levantarem-se algumas críticas. Era de esperar. Os média estão mal habituados depois de Guterres e de Santana. Alguns jornalistas, em defesa da corporação, já chamaram arrogante a Vitorino. Fizeram mal. Os jornalistas merecem levar para trás. É o seu papel. Deve ser por isso, suponho, que os jornais já noticiaram que Vitorino ia fazer parte do novo governo.

A tralha. Ideias antigas.

Uma das preocupações naturais nestas circunstâncias tem a ver com o futuro do PSD. A generalidade dos seus eleitores (não dos seus militantes) entendeu três coisas fundamentais que vale a pena enumerar. Santana é o símbolo da geração rasca do partido, o ponto mais alto da degradação a que o partido poderia ter chegado; a culpa pelo desaire não é apenas de Santana – mas do próprio partido que, maravilhado diante da possibilidade de tê-lo ao comando, lhe entregou tudo, lhe confiou tudo e não deu ouvidos aos avisos de gente experiente e séria; finalmente, os eleitores do PSD perceberam que não têm de estar preocupados com o PSD – ou seja, que o PSD merece o que lhe aconteceu, que os presidentes das distritais do partido merecem o desastre, que não cairão tão cedo noutra armadilha populista e que se estão nas tintas para o PSD. O facto de se estarem nas tintas para o PSD representa, bem vistas as coisas, um sinal de maioridade do eleitorado, que espera pelo fim da tralha santanista.

Notificação



Regresso às lides, com a chuva. Tudo continua.

fevereiro 08, 2005

SHARM EL-SHEIK. Já vimos estas imagens de outras vezes, mas há sempre uma esperança. Sempre todas as esperanças. Em Sharm El-Sheik já vi outras reuniões parecidas. Mas não retirarei um milímetro sobre a esperança, se bem que nem todas as notícias sejam tranquilizadoras.

fevereiro 06, 2005

NOTAS SOBRE O BRASIL. O Luís Carmelo tem dado conta das suas perplexidades acerca do Brasil de Lula. Ah, meu caro Luís, o país do Carnaval...

DANAÇÃO. Um dos blogs que merece visita nestes tempos de excesso de frases é o Albergue dos Danados.

ESTADO. Esta afirmação de Medina Carreira devia fazer-nos pensar mais do que o habitual: 56% do eleitorado depende do Estado. Ou seja, os partidos fazem promessas que não podem cumprir.
O texto de Medina Carreira é imprescindível.

TOLERÂNCIA E OPINIÃO. Um padre fez hoje, numa homilia transmitida pela rádio (Antena Um), afirmações sobre qual não deveria ser o voto dos católicos. Longe de mim entrar na discussão, que não me diz respeito. Mas a reacção imediata de jornalistas e líderes políticos, dizendo que a Igreja não tinha nada que se meter no assunto (aborto, casamento de homossexuais, etc.) já me parece despropositada. 1) Por que é que a Igreja não pode meter-se no assunto?; 2) se a Igreja é contra o casamento dos homossexuais, contra a eutanásia e contra o aborto, por que é que não pode dizê-lo abertamente?; 3) se as posições da Igreja Católica são claras nesses domínios por que não poderá um padre dizer aos seus fiéis que vote de acordo com elas (ainda que o eleitor vá votar de acordo com a sua consciência, suponho eu)?

HAARETZ. Israel decidiu banir de vez as hesder yeshivot, ou seja, as unidades religiosas do exército regular. Boa notícia.

O PROBLEMA DA MORAL. O país ficou moralista, mas vai ficar mais durante os próximos quinze dias; não se trata de moral sexual. Aparecem, vindos de todo o lado, sacerdotes & freiras brandindo o dedinho indicador, mostrando como se deve fazer propaganda eleitoral, até onde se podem insultar o país e as instituições (salvaguardando algumas, naturalmente), de que comportamentos sexuais se pode falar e o que se deve omitir, o que é um boato e o que é uma insinuação. Ah, país de inquisidores e de polícias sem farda, de frades gordos e de virgens ressentidas, gente mal amada que gosta de coisas banais.

LINKS. Sobre traduções, legendagem, dobragem & outros links, ver o Legendas & Etcaetera e o Estroboscópio.

fevereiro 05, 2005

ELE NÃO TEM A NOÇÃO. «José Sócrates pediu hoje aos jovens para não usarem o voto como mero instrumento de protesto contra o Governo PSD/CDS-PP, mas façam uma escolha consciente no PS.» É pedir demais. Sócrates tem de escolher uma coisa ou outra.

PAPÃO DA DIREITA. Não, não me parece que Francisco Louçã seja «o papão da direita». É apenas o candidato a papa da esquerda. Vê-se por aquele olhar.

HÁ UMA DIFERENÇA. Santana Lopes quer Cadilhe como vice-primeiro-ministro. Eu quero a Margo Timmins a cantar ali no terraço. Quero ir com a Mel Lisboa comprar livros (de epistemologia geral) em segunda mão nos alfarrabistas do Flamengo. Sempre quis o José Mourinho a treinar o FC Porto. Quero regressar ao século XVIII para escrever o Tristram Shandy antes do Sterne.

HÁ EXACTAMENTE UM ANO, NO AVIZ: O FIM DO CARNAVAL LUSITANO, FINALMENTE. O Carnaval português sempre me afligiu. Lembro-me dele quando ainda só era Entrudo e não dispúnhamos daquelas raparigas da Mealhada a dançar na rua, debaixo de chuva, abrigadas pelos seus simpáticos biquinis. Essa é a primeira imagem que me assalta: o frio, o desconsolo meteorológico, a desadequação climática. Isso e os seus desfiles, em carros alegóricos montados em cima de tractores. E dos fatos de má qualidade, de brilho barato, cintilante nos domingos de Fevereiro, escarlates. Tinha pena das raparigas. Também me penalizava pelos rapazes, da cidade ou da província, muito machões durante o ano, mas que no Carnaval se mascaravam de meretrizes ou de tias velhas. Mas, insisto, o pior era o frio de Fevereiro, os chuviscos a meio da tarde, o granizo nas ruas de Ovar, de Cantanhede ou Olhão. Um resto de misericórdia vinha do fundo da consciência pedir protecção para os desfiles.
Aos desfiles, propriamente ditos, vi-os sempre pela televisão e bastou-me: umas raparigas sem o sentido das proporções dançavam muito mal o samba, agitavam bandeirinhas, sorriam, enregeladas, com peças de tule cobrindo uns corpos muito brancos que ainda não tinham feito a dieta habitual antes da época balnear. O corpo das portuguesas, neste domínio, é um campo de sacrifícios: durante o ano alimenta-se bem e corajosamente; entre Abril e Maio começa a penar e a penitenciar-se, preparando-se para a exposição solar do Verão. É um mundo de desgraças. Só o Carnaval, com as suas peças de tule com penduricalhos de brilhantes falsos em cima, permite entrever as carnes esbranquiçadas que hão-de estar mais passadas no S. João. As figuras, dos «carros alegóricos», são o bombo da festa tradicional – políticos da televisão, caricaturas sofríveis, mal pintadas, ditos de gosto duvidoso, misturando a tradição popular da província com a piada do Parque Mayer. Tirando o dr. Alberto João Jardim, saltitando na Avenida Arriaga, no Funchal, os desfiles são pobres. Pobres e cheios de frio.
Depois, há umas actrizes de telenovela portuguesa e os seus companheiros de ofício, que vão também aperaltados no alto dos carros (que lembram, a milhas, os «trios eléctricos» de Salvador, eufóricos e encalorados): também aí é uma desilusão. Sob os tules, vêm mais panos para esconder a «beleza tradicional portuguesa». As actrizes de telenovela brasileira chegaram entretanto para animar um pouco a paisagem: sorriem muito, recebem o cheque, levantam os braços, cumprem a sua função.
Fico sempre espantado com as notícias das televisões, que falam dos «foliões» que aguardam a passagem dos desfiles: e as imagens dão conta de umas famílias apinhadas nos passeios, com os miúdos encavalitados vendo passar o cortejo de horrores. Isto, claro, sem falar da música permanente de «mamãe eu quero, eu quero mamar» que todas as discotecas do Algarve passam aos berros para que comboios de «foliões», organizados com a espontaneidade de uma missa em latim, se meneiem e transpirem adequadamente. Não sei. Não sei. Mesmo para Portugal, é muito horror junto. [JN]



SAFIRE.
Vale a pena ler «How to Read a Column», o texto com que William Safire se despede da sua coluna do The New York Times. Um resumo:
«1. Beware the pundit's device of using a quotation from a liberal opposition figure to make a conservative case, and vice versa. Righties love to quote John F. Kennedy on life's unfairness; lefties love to quote Ronald Reagan. [...] 2. Never look for the story in the lede. [...] 3. Do not be taken in by “insiderisms”. [...] 4. When infuriated by an outrageous column, do not be suckered into responding with an abusive e-mail. [...] 5. Don't fall for the "snapper" device. To give an aimless harangue the illusion of shapeliness, some of us begin (forget "lede") with a historical allusion or revealing anecdote, then wander around for 600 words before concluding by harking back to an event or quotation in the opening graph. [...] 6. Be wary of admissions of minor error. [...] 7. Watch for repayment of favors. Stewart Alsop jocularly advised a novice columnist: "Never compromise your journalistic integrity – except for a revealing anecdote." [...] 8. Cast aside any column about two subjects. It means the pundit chickened out on the hard decision about what to write about that day. [...] 9. Cherchez la source. Ingest no column (or opinionated reporting labeled "analysis") without asking: Cui bono? [...] 10. Resist swaydo-intellectual writing. Only the hifalutin trap themselves into "whomever" and only the tort bar uses the Latin for "who benefits?" [...] 11. Do not be suckered by the unexpected. Pundits sometimes slip a knuckleball into their series of curveballs: for variety's sake, they turn on comrades in ideological arms, inducing apostasy-admirers to gush "Ooh, that's so unpredictable." Such pushmi-pullyu advocacy is permissible for Clintonian liberals or libertarian conservatives but is too often the mark of the too-cute contrarian. [...] 12. Scorn personal exchanges between columnists. Observers presuming to be participants in debate remove the reader from the reality of controversy; theirs is merely a photo of a painting of a statue, or a towel-throwing contest between fight managers.»

BOATOS. A questão dos boatos é cómica, agora -- não diz muito, mas revela um carácter. O problema é que toda a gente está contra os boatos, procurando saber qual é o último que está a correr.

REVISTA DE BLOGS. Questões gerais de rima: «PEDE-SE ELEVAÇÃO: Nos debates, nos jornais, nos blogues. Se não conseguirem a elevação tentem uma contracção isométrica ou uma genuflexão. Se ainda assim não conseguirem nada, tentem uma erecção.» Filipe Nunes Vicente, no Mar Salgado.

O TOCA E FOGE DE PSL. David Justino responde a Santana Lopes.




MENCIONEMOS ISTO.
O parágrafo primeiro do ponto sexto do regulamento do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, publicado no Jornal de Letras, menciona a consignação de mensões honrosas.

Adenda [actualização]: O cartaz do PP em Coimbra insere-se nesta onda, suponho. Já tivemos um secretário de Estado da Educação que desculpava os seus erros ortográficos com a falta de um corrector no windows, ou lá o que é.

fevereiro 04, 2005

CAMPANHA. Se fôssemos todos honestos em matéria política, já tinha parecido estranho que a esquerda não tivesse falado das questões fracturantes. Mas não falou. Usa, agora, o mesmo argumento que a direita usava há um ou dois anos: «Essas questões não são importantes nem essenciais para o povo português.» Tomem nota.

BLASFÉMIA MESMO. «Louçã pode ser o novo Lula», leio a ameaça no Blasfémias. Demagogo por demagogo, prefiro aquele que é capaz de rir.

PUDOR. Noto algum pudor na blogosfera. Compreensível. Santana Lopes ganhou mesmo o debate -- se é que um debate daqueles se ganha de alguma maneira.

fevereiro 03, 2005

VIDAS PRIVADAS, 4. Escreve o Jorge Leite, por email: «Private faces in public places/ are nicer and wiser/ than public faces in private places.»

fevereiro 02, 2005

VIDA PRIVADA, 3. Os moralistas têm vida curta entre nós; não só são gente de mau aspecto como se trata de pessoas cheias de inveja. Os portugueses são sarcásticos, quando se trata de moral. Na verdade, padres, juízes, beatas envilecidas, fuinhas de toda a espécie, são pouco populares na nossa literatura.

VIDA PRIVADA, 2. A vida privada não nos interessa realmente. Gostamos de imaginá-la, porque somos perversos, maldosos e humanos. Até admito que gostamos de conhecê-la. Mas achamos que, não ultrapassando a lei geral, não deve prejudicar a vida pública de ninguém.

VIDA PRIVADA. Mostrar em público a própria vida privada é coisa de quem não tem vida privada. E merece todos os castigos.

REVISTA DE BLOGS. Conhecer Borges: «Não gosto de literatura, odeio escrever, nunca vou ao cinema - não sei como tudo isso se juntou. No começo de 82 fui fazer uns biscates em Buenos Aires e li nos classificados que procuravam alguém para auxiliar um velho. Achei gozado o que pediam no anúncio: “Dá-se preferência a quem não goste de filmes.” Fui ver. Parece que em Buenos Aires são poucos os que não apreciam perder tempo no escuro do cinema. Cheguei lá; a mulher dele - que no começo pensei ser a secretária - , uma japonesa, me recebeu. Fui levado à sala dele. Idoso mesmo, uns oitenta e tantos, por aí. E cego. Achei gozado um cego numa sala cheia de livros.» No Blog de Papel.

fevereiro 01, 2005

TODOS OS PROFESSORES DEVIAM LER ESTE LIVRO. «Eu diria que a nossa era é a da irreverência. As causas desta transformação fundamental são as da revolução política, da sublevação social (a célebre "rebelião das massas" de Ortega y Gasset), do cepticismo obrigatório nas ciências. A admiração, para evitar falar de reverência, passou de moda. Somos viciados na inveja, na difamação, no rebaixamento. Os nossos ídolos devem exibir cabeças de barro. Os louvores são principalmente dirigidos aos atletas, às estrelas pop, aos milionários ou aos reis do crime. A celebridade, que satura a nossa vida mediática, é o contrário da fama. Usar uma réplica da camisola do deus do futebol ou imitar o penteado do cantor da moda está nos antípodas da condição de discípulo. Correspondentemente, a noção de sábio roça o risível. A consciência é populista e igualitária, ou finge sê-lo. Qualquer tendência manifesta para uma elite, para essa aristocracia do intelecto que era uma evidência para Max Weber, não está longe de ser proscrita pela democratização do sistema de consumo de massas (ainda que esta democratização comporte, inquestionavelmente, emancipações, sinceridades e esperanças de primeira ordem). O exercício da reverência está a regressar às suas origens longínquas na esfera religiosa e ritual. Nas relações mundanas, a nota prevalecente, muitas vezes fortemente americana, é a da impertinência e a da contestação. Os "monumentos de um intelecto que não envelhece", talvez até os nossos cérebros, estão cobertos de grafiti.»
George Steiner, As Lições dos Mestres [Lessons of the Masters].
Tradução de Rui Pires Cabral. Edição portuguesa da Gradiva.

REVISTA DE BLOGS. Ler e viver, ou assim: «Sabe aquelas expressões do tipo "Fulano fechou o livro e foi viver" ou "Sicrana está lendo menos e vivendo mais", que você adora usar? Elas não têm comprovação científica.* Não existe nenhum relato sobre perda das funções vitais ou morte cerebral durante o ato de ler, mesmo quando se trata de um livro do Carlinhos Brown irlandês. Ninguém sai da vida para entrar numa estória do Guimarães Rosa. Mais: "viver", verbo ao qual você talvez acrescente uma exclamação, é coisa de gentinha -- algo que amebas e planárias fazem tão bem quanto os seres humanos, não raro melhor. Como dizia aquele personagem de Villiers de l'Isle Adam: "Viver? Os criados farão isso por nós."» no Pura Goiaba. [Texto completo.]

REVISTA DE BLOGS. Uma anomalia: «Ser moderado é um risco acrescido. Em vez de se levar porrada de um lado, leva-se de dois. Umas vezes leva-se porrada da esquerda, outras da direita. A esquerda e a direita desprezam e odeiam os moderados, precisamente pela sua ausência de comprometimento com a sua visão.Os moderados são o seu terreno de caça. [...] Os moderados são uma anomalia que, em devido tempo, será erradicada.» No Bloguítica.

REVISTA DE BLOGS. Uma fronteira civilizacional: «O mínimo que se pode dizer sobre as várias referências veladas de Santana Lopes, em comícios e fora deles, a esses boatos, tentando utilizá-los em proveito próprio, é que se abriu um precedente grave e que uma fronteira, quase civilizacional, se quebrou.» No O País Relativo.

DARFUR. Não vale a pena esconder a notícia só para manter a ilusão de que se tinha razão:
«A Comissão de Inquérito das Nações Unidas, encarregada de analisar os acontecimentos na região do Darfur, no Sudão, onde morreram 70 mil pessoas às mãos das milícias apoiadas pelo governo sudanês, concluiu que não houve genocídio. Para estes peritos, que investigaram o assunto durante quatro meses, pode apenas falar-se em crimes contra a humanidade e crimes de guerra, acções que não são menos graves ou odiosas que um genocídio.»
O problema, neste como em outros casos, é o bombardeio de números, frequentemente inflacionados pelas ONG que vivem do negócio da dor e da exploração do sofrimento. E também a definição do que é genocídio.



O CANTINHO DO HOOLIGAN. Mais serviço público.

A FARSA. Caro MacGuffin, o problema não é o decreto de que as eleições no Iraque são uma farsa. É o desejo de que elas fossem uma farsa, assim, a olho nu, e de que houvesse atentados por todo o lado. O que acontece, pura e simplesmente, é que a realidade não cabe nas previsões, por exemplo, do enviado da RTP a Bagdad. Como sempre, ultrapassa-a. Há, naquele gesto de levantar o dedo e de o mostrar tingido (up yours), uma novidade desconhecida naquelas paragens. Up yours, americanos. Up yours, europeus. Up yours. Não interessa. As imagens das filas de eleitores, no Iraque como em Ramallah, mostra que alguma coisa tem de acontecer ali.

DA LITERATURA. Não percam o Da Literatura. Para quem pensa que tudo vem arrumadinho nos caderninhos e suplementos, o blog de Eduardo Pitta, Valter Hugo Mãe, Jorge Melícias, João Paulo Sousa e Pedro Sena-Lino vale a pena.

NUNO IS WATCHING YOU. O magnífico Nuno Guerreiro espreita-nos da Califórnia. O Rua da Judiaria inagurou o seu serviço de rastreio de posts, com o Janelas da Judiaria.

REVISTA DE BLOGS. Through the looking glass: «É perturbador ver a nossa vida ao contrário exibida num episódio de uma série de televisão que, de cómica, passa assim a dramática e as lições mostradas desse modo são sempre muito mais reveladoras, como quem se olha ao espelho e se vê de costas.» No O Essencial e o Acessório.

REVISTA DE BLOGS. Frio polar e a sorte do vento: «Única solução possível para evitar a cabrona da onda de vento polar que até os pintelhinhos congela: mentir, mentir, mentir!» No Rititi.

MAIS BRASIL, LITERATURA. No Gávea podem ler-se entrevistas com Milton Hatoum e com Luiz Antônio Assis Brasil. Este último lançará em Portugal, daqui a duas semanas, A Margem Imóvel do Rio (Ambar; a edição brasileira é da LPM). É um excelente romance, outro Brasil (o de Assis Brasil -- mas também o de Tabajara Ruas ou Erico Verissimo), o do Rio Grande do Sul. Milton Hatoum é o autor de Dois Irmãos e de Relatos de um Certo Oriente -- o cenário dos árabes e libaneses na Amazónia (a edição portuguesa é da Cotovia -- no Brasil, na Companhia das Letras).

MART'NÁLIA. Este post vai ao cuidado do Ivan. Tra-se de outro texto de Paulo Roberto Pires sobre uma das minhas sambistas de eleição, Mart'nália. O seu último disco, Ao Vivo, tem esta canção de Caetano Veloso em homenagem a Mart'nália: «Você é a Festa da Penha/ A Feira de São Cristóvão/ É a Pedra do Sal/ Você é a Intrépida Trupe,/ A Lona de Guadalupe/ Você é o Leme e o Pontal.» Samba é pop.

NOTAS DO BRASIL. Texto de Paulo Roberto Pires sobre a figura de Larry Rohter, o correspondente do The New York Times no Brasil. O bloco de samba A Impensa que eu Gamo, formado por jornalistas, acaba de lhe dedicar uma canção.

REVISTA DE BLOGS. Do uso dos bons argumentos em política: «Variações sobre o mesmo tema: espero ansiosamente pelo próximo debate - Louçã versus Santana. Sendo público que Santana Lopes é pai de uma catrefada de filhos, Louçã terá de pensar num argumento de jeito para calar o seu oponente.» No Bomba Inteligente.

REVISTA DE BLOGS. Uma vida e outra: «Ela se curva em reverência, acha tudo muito bonito, aquelas cores todas são escassas na região, sabe como é. Ela retribui com cheiros, os doces, os cítricos, os amadeirados, os florais. Não há destas coisas nas bandas dele, sabe como é. Diz que eles não se misturam, é bom não, os cheiros, assim como as cores. Mas eles reinventam, eles se expõem, eles se mesclam. Ele estende a mão, ela segura, e não larga mais por nada nesta (e nem na outra) vida.» No Bagaceiras e Afins.




AS IMAGENS. As de Mário Pires, no Retorta.


As de Adriana Oliveira no O Tempo e o Deserto e a sua presença no Travelling Journal (a que chego também através do Mário).

TV BAGDAD. Os editoriais do enviado da RTP a Bagdad fazem muito sucesso. Se a realidade os desmente de alguma maneira (por exemplo, a peça que assinou para o Expresso de sábado passado), o remédio é o seu autor insistir neles até que os acontecimentos sejam apenas um pano de fundo, dispensável. Agora compreende-se.

O CANTINHO DO HOOLIGAN. Olhá lá, ó Zé Flávio. Nem preciso de dizer mais nada depois daquele golo do Vitória de Setúbal.

EL EQUIPO PERDIÓ EL LIDERATO TRAS CAER CON ESTRÉPITO EN CASA. El Oporto destituye a Víctor Fernández. Serviço público.